quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Michel Bastos supera as expectativas e lidera o Lyon em sua segunda vitória na UCL

Luis Guilherme Doméniche

Brasileiro, que disputou mundial como lateral-esquerdo, provou que joga mesmo é no meio campo.




O Lyon viajou nesta quarta à Israel. O adversário era o Hapoel Tel-Aviv, time considerado o saco de pancadas do grupo B. E o time francês estava disposto a começar uma sequência vitoriosa na UEFA Champions League. No decorrer do jogo, dois fatos puderam ser constatados. O primeiro: o Hapoel não é "saco de pancadas", como muitos pensam. E pelo jeito não vai se entregar. Segundo: Michel Bastos se tornou definitivamente uma engrenagem diferenciada no time do Lyon, algo que os torcedores já esperavam dele desde a temporada passada, quando não teve muitas chances.

O ambiente no vestiário francês era uma incógnita. Se por um lado poderiam estar confiantes pela eficiente vitória sob o Schalke 04, também poderiam estar profundamente abalados pela derrota de domingo passado, sofrida em casa para o St Etienne, maior rival e no derby de número 100. Os fieis Bad Gones, que foram até Israel fazer seu barulho, só esperavam profissionalismo e empenho do time, caso contrário a situação ficaria ainda pior para o já ameaçado Claude Puel.

O estádio Bloomfield era um mar vermelho, lotado de torcedores fanáticos e confiantes a empurrarem o "pequeno" Hapoel para cima do gigante Lyon, supostamente fragilizado. Na entrada dos times em campo destacou-se o barulho feito pelos poucos torcedores do OL que ali estavam. Mesmo em minoria não deixaram de chamar atenção. O Lyon apresentava-se novamente muito desfalcado. Além de Cris, César Delgado e Ederson, o time de Puel agora não podia contar também com uma de seus maiores destaques, o argentino Lisandro Lopez. Alias, Delgado e Licha foram exemplos de vontade e raça na histórica temporada passada pela UCL.

Agora, a missão foi confiada a Gomis, Briand e Michel Bastos, e esse ultimo não decepcionou, fazendo valer a titularidade que ironicamente só apareceu com os desfalques, mesmo ele demonstrando ser um jogar diferenciado já a algum tempo. Do lado israelita, o destaque vai para o goleiro nigeriano Enyeama. Ele chamou a atenção do planeta, quando disputou a última edição da Copa do Mundo e faz inúmeras defesas incríveis, impedindo que Messi, por exemplo, marcasse um belo gol, em um confronto entre suas seleções.

Ao começar o jogo, o Lyon não demorou muito para demonstrar fortes sinais de sua superioridade técnica, e logo começou a pressionar. Källström, Michel Bastos e Gourcuff trabalhavam bem a bola no meio-de-campo, armando as melhores jogadas, dando pouca chance ao Hapoel, que ainda se mostrava tímido no jogo.

Logo aos 7', a força lionêsa surtiu efeito. Briand sofreu falta de Badier dentro da área. Resultado? Pênalti! Foi confiado ao brasileiro Michel Bastos cobrar, e foi fatal! Mesmo Enyeama impondo respeito, Bastos não se acanhou e arrematou com maestria, goleiro para um lado e bola para o outro. O OL abria o placar rapidamente, fora de casa. Provavelmente algo crucial para o domínio do jogo.

Como já foi dito, a torcida do Hapoel se mostrava apaixonada e destinada a incentivar seu clube. Os jogadores responderam a altura, e ao invés de se deixarem abalar pelo gol sofrido tão cedo, levantaram a cabeça e partiram para um jogo extremamente ofensivo, sem demonstrar medo do adversário tecnicamente superior.

Os desconhecidos jogadores Israelenses até provaram grande vontade, chegaram a criar belas oportunidades de gol, como aos 10', onde fizeram bonita jogada de ataque, mas culminou em um constrangedor resvalo de bola, que Lloris parou tranquilamente só com os pés.

Em seguida fariam o goleiro da seleção francesa trabalhar mais uma vez, mas em todas as oportunidades em que conseguiam penetrar na área – e não foram poucas – erravam na finalização, ou o próprio Lloris tratava de defender os atrapalhados chutes. Exemplo disso foi aos 18', quando o Hapoel chegou ao ataque, limpou toda a defesa dos visitantes, mas errou o alvo por muito. Poderia ser a chance de empatar e levar o jogo para outro rumo.

O Lyon, como já é de praxe em suas ultimas exibições, deu uma resposta a altura. Penetrava na área e também pecava na finalização. Aos 35’, Briand esteve na cara do gol e presenteou a arquibancada com um chute que passou ao lado dos torcedores. Em seguida, Gomis recebeu passe perfeito de Cissokho e chutou de maneira primária. Ainda teve a sorte de pegar Eneyama desprevenido. No entanto o nigeriano conseguiu espalmar para escanteio. Após a cobrança, a bola sobrou na entrada da área, perfeita para Michel Bastos.O brasileiro não pensou duas vezes, meteu uma de suas típicas bombas de canhota para o gol e acertou em cheio no ângulo. Os espectadores, e provavelmente até o próprio Bastos, sequer viram a trajetória da bola, tamanha força e rapidez que ela tomou.

No restante da primeira parte ainda houve tempo para Gourcuff desperdiçar um gol praticamente feito.




Na volta do intervalo, vimos um Lyon relaxado, e um Hapoel ainda agressivo e cheio de gás. isso culminou num inicio de segunda etapa com diversas chances para os donos da casa, todas jogadas no lixo. Foi um momento Israelense de euforia que duraria cerca de quinze minutos. Dai em diante, o jogo ficou extremamente sem graça e morno, e os únicos agitados ali eram a torcida do do próprio Hapoel, ainda muito esperançosa e animada, apesar dos 2 a 0 contra.

Nem mesmo o pênalti causado por Lovren, e cobrando com excelência pelo goleirão Eneyama fez o Lyon acordar. Pelo contrário, empolgado, quem ficou ainda mais agressivo foi o Hapoel, que queria arrancar um empate a todo custo. Mera ilusão. Já aos 94', Pjanic, que entrou no lugar do brilhante, porém lesionado Michel Bastos, começou bonita jogada, tocou para Pied, que dividiu com Enyeama. Por fim, a bola sobrou, de novo para Pjanic que não titubeou, 3 a 1 e fim de jogo!

Apesar dos erros defensivos, foi uma boa vitória em território inimigo. O Hapoel foi um time subestimado, que não se encolheu. Jogou como gente grande no estádio da Luz contra o Benfica, e dentro de casa não abaixou a cabeça em minuto algum. Mérito do Lyon por ter conseguido superar a vontade dos israelenses de fazer história.

Agora voltamos para a velha ironia do contestado treinador Claude Puel; O OL finalmente decolará na L1? Continuará na zona de degola, enquanto faz campanha vitoriosa no campeonato mais difícil e assistido do futebol mundial, a UEFA Champions League? Só o tempo pra dizer.

Próximo adversário: Ligue1, 8ª rodada. O confronto será contra o Nancy, fora de casa. Dia 02/10, sábado próximo, às 14h, horário de Brasília.

FOTOS: ESPN.com.br / olweb.fr


COMPACTO DE HAPOEL TEL-AVIV 1-3 LYON

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