O jogo teve direito a tudo: pênalti marcado pelo VAR, expulsão,
volante dando duas assistências, jogador entrando no fim do jogo, marcando gol
e deixando o gramado logo em seguida por lesão... Um verdadeiro clássico!
Domingão de um jogo muito especial para o futebol francês. É dia de clássico. Aquele chamado de “Olympico” ou “Choc des Olympiques”, que nada mais é do que o embate entre Olympique de Lyon e Olympique de Marseille. Um confronto que coloca frente a frente uma rivalidade que permeia história, cidades, títulos, torcidas e popularidade. Todos os elementos necessários para rechear de emoções um duelo entre dois gigantes. O Lyon, que jogava em casa, vinha de uma vitória importantíssima diante do Manchester City pela Liga dos Campeões, já o Marseille, de derrota pela Liga Europa. Mas na Ligue 1, o time visitante vem melhor, entrando em campo na 5ª colocação, enquanto o OL era o 11º.
Em campo, surpresas. Bruno Génésio decidiu mesclar a formação que venceu o Manchester City no meio de semana com aquela que empatou com o Caen no domingo passado. Diop permaneceu entre os 11, mas Traoré voltou ao time principal, deixando Cornet – que jogou bem na quarta-feira – de volta ao banco. Outra novidade era a escolha por Léo Dubois entre os titulares e Rafael no banco. Na formação tática, uma alteração também: o time voltava ao 4-2-3-1 e não permanecia no 4-4-2 que foi bem na Inglaterra. De desfalques, apenas o jovem Gouiri. Veja como ficou:
Diferentemente do OL, o Marseille tinha sérios problemas com o departamento médico. Praticamente todo o seu setor de zaga estava indisponível: Abdennour, Hubocan, Rolando e Rami. Além deles, ainda eram desfalques o jovem lateral esquerdo Rocchia e o goleiro campeão mundial pela França, Steve Mandanda. Isso forçou Rudi Garcia a entrar com uma zaga formada pelo jovem Caleta-Car, vice-campeão mundial pela seleção croata e improvisando mais uma vez Luiz Gustavo na zaga. Em compensação, do meio pra frente, o OM tinha um timaço, com sete jogadores diferenciados: Sanson, Strootman, Thauvin, Ocampos, Payet e Mitroglou. Olha a escalação aí abaixo:
Quando a bola rolou no Groupama Stadium, nos primeiros minutos de jogo, o Lyon e o Marseille construíram boas jogadas cada um. O placar poderia ter sido aberto ali mesmo, se tivessem caprichado mais. Não aconteceu. E a partir dali, a partida esfriou e ficou bastante estudada. Payet parecia ser o homem a tentar fazer alguma coisa diferente pelo time visitante, enquanto o OL se agitava pelo lado direito do ataque.
Além de guiar o Marseille em busca do gol, Payet também era o homem das bolas paradas. No começo do jogo, ele teve algumas chances, mas nenhuma com oportunidade de bater direito para o gol. Quem teve, aos 19’ de jogo, foi Jordan Amavi, mas não de falta. O lateral conseguiu uma oportunidade na região da intermediária do campo e bateu com força, passando a esquerda do gol de Lopes, com certo perigo.
Definitivamente, não era o melhor em campo nos primeiros vinte minutos de jogo. Mas bastou uma jogada para mudar todo o cenário do jogo. E ela começou nos pés de Ndombélé. O volante partiu com a bola e decidiu tabelar com Traoré na direita. Na hora de receber a bola de volta, Aouar se antecipou ao volante e “roubou” a bola. Ele estava em melhores condições e conseguiu finalizar, já dentro da área, em chute rasteiro: 1 a 0 aos 28’!
Pouco tempo depois, o Lyon teve mais uma ótima oportunidade. Uma chance até mais clara de marcar do que o próprio gol. O OL apertou a saída de bola do adversário e conseguiu roubá-la. Na conclusão da jogada, Memphis Depay recebeu sem qualquer marcação dentro da área. A oportunidade era melhor do que uma cobrança de pênalti, mas ele bateu na bola de qualquer jeito e perdeu uma oportunidade inacreditável.
E como a bola pune, o Marseille apareceu logo depois para fazer valer sua força e não perdoar o erro adversário – coisa que Memphis fez. Cheikh Diop tentou sair jogando, perdeu a bola para Payet que resolveu o lance dando uma belíssima assistência para Thauvin. O campeão mundial entrou pela direita com tranquilidade e bateu rasteiro. Fez o simples e marcou: 1 a 1!
Depois do gol sofrido, o Lyon não sentiu o golpe. Continuou melhor em campo, com a posse de bola, mas com dificuldade para criar ocasiões. Dependia exclusivamente de Ndombélé e Aouar para fazer suas ações acontecerem. Enquanto isso, o lance de maior perigo no finzinho da primeira etapa era, novamente, do OM. Primeiro com uma jogada onde Mitroglou sem querer entrou na frente do chute do próprio time. No rebote de Ocampos, Lopes salvou. Nos acréscimos, foi Sanson que tentou arriscar de fora da área, sem sucesso.
No segundo tempo, o Lyon voltou com tudo e continuava ligeiramente melhor em campo. Não à toa, conseguiu marcar rapidamente, com seis minutos da etapa final. A jogada começou pelo lado direito do ataque do... Marseille. Na recuperação de bola, Ndombélé virou o jogo todo e achou Traoré passando sozinho pela direita. Ele dominou e carregou. Levou até a área onde finalizou no cantinho, antes de Amavi e Luiz Gustavo tentarem fechar o chute: 2 a 1!
Se Payet era o cara do Marseille na primeira etapa, depois do gol, Thauvin assumiu esse protagonismo. Foi ele quem tentou uma reação. Conseguiu, em uma jogada, inclusive, fazer fila na defesa do OL. Antes de finalizar, perdeu a bola que sobrou para Ocampos. O argentino acabou desperdiçando a oportunidade, batendo de qualquer jeito e fazendo a bola sair até com certo perigo, perto do gol de Lopes.
Só que não parecia ser dia mesmo do Marseille. O Lyon acabara de fazer sua primeira troca, tirando Memphis Depay e colocando Moussa Dembélé. O ex-jogador do Celtic não tinha nem um minuto em campo e o Lyon ampliou. Bertrand Traoré apareceu mais uma vez. Ele surgiu do lado direito para tabelar com Fekir. Recebeu de volta já na área e bateu forte. A bola desviou em Luiz Gustavo e enganou Pelé: 3 a 1!
Rudi Garcia não perdeu tempo depois do gol. Mexeu duas vezes de imediato. Colocou Germain e Kamara nos lugares de Mitroglou e Ocampos. No ataque, um centroavante pelo outro, lá atrás, Kamara fazia a zaga e liberava Luiz Gustavo para jogar mais pela frente. Nada de efeito! O Lyon chegaria ao seu quarto gol em um lance de VAR. Clément Turpin chamou o vídeo depois de quase dois minutos que o lance ocorreu. Traoré, realmente, foi derrubado e o lance foi marcado. Fekir foi pra bola e converteu com a bola batendo na trave antes de entrar: 4 a 1!
Depois do pênalti, mais mexias. O OL trocou pela segunda vez, tirando o amarelado Cheikh Diop para a entrada de Tousart. No OM, a última troca foi N’Jié por Strootman. Desta vez, a troca surtiu efeito. Aos 37’ do segundo tempo, Payet achou o camaronês que driblou Marcelo e chutou no ângulo com raiva: 4 a 2, com direito a “Lei do Ex”. Mas a alegria marselhesa não duraria muito tempo.
Traoré iria fazer o quinto, saia sozinho em direção ao gol. Foi derrubado por Caleta-Car. Expulsão correta! Antes mesmo de Terrier substituir o capitão Fekir, N’Jié deixava o campo com uma lesão e o Marseille encerrava o jogo com nove atletas dentro de campo. Claro que não tinha condições de fazer nada mais. E o Lyon, naturalmente, colocou o pé no freio. Placar final: 4 a 2, fora o show! Um jogaço.
O OL já volta aos gramados nesta quarta-feira (26), pela mesma Ligue 1. O adversário será o Dijon, que já vem surpreendendo nesta temporada. O jogo será fora de casa, no Stade Gaston Gérard, às 14h, do horário de Brasília. A partida é válida pela 7ª rodada do Campeonato Francês. Até lá!
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