O Lyon entrava em campo pela penúltima vez na temporada e pela última vez em seu estádio no ano de 2022/23. Para se despedir do seu torcedor, o clube fez um dia mágico. Primeiro, uma rodada dupla: as meninas jogaram mais cedo, celebrando o título da Copa da França, e logo em seguida, o OL entrava para enfrentar o Reims estreando uniforme novo. Em meio a isso tudo, várias e várias homenagens ao agora ex-presidente Jean-Michel Aulas, desempossado por John Textor, mas sempre no carinho do torcedor. Mas nem tudo era só festa. O Lyon tinha um objetivo: vencer e torcer contra Rennes e Lille para morder a tão sonhada 5ª colocação.
Nesse duelo, o técnico Lauren Blanc tinha um problema complicado no seu setor defensivo. Já sem Dejan Lovren, machucado há duas semanas, ele também perdeu outro zagueiro da sua trinca. Sinaly Diomandé ficou de fora da relação e criou-se um problema. Ou iria pra campo Jérôme Boateng, fora de forma e que quase não jogou na temporada, ou Thiago Mendes improvisado, ou então o jovem Mamadou Sarr, que nunca jogou pelos profissionais. Blanc escolheu a primeira opção e foi no risco. O reserva Dembélé era a terceira ausência, essa pouco sentida. Assim ficou escalado o OL:
Se esse fosse o problema do técnico Will Still do Reims, ele estaria bem mais contente. Lá, o problema era bem mais difícil de se contornar. Ele estava com oito desfalques para esse jogo e teve muita dificuldade para montar o time, inclusive, começou com um volante de 17 anos do time B em campo. No Mundial sub-20 estavam o zagueiro Keita (pela França), o meia Doumbia (por Mali) e o centroavante Holm (pela Noruega). Por lesão, ele não tinha os dois goleiros reservas, Penneteau e Olliero, além do meia Van Bergen e o ex-Lyon Maolida. Pra completar o caos, o zagueiro e capitão Abdelhamid estava suspenso. Quatro jogadores da base foram chamados pra lista, inclusive o titular nesse dia, Antagana. Veja como ficou:
O comecinho do jogo foi bastante agitado. A torcida estava absolutamente inflamada pelas homenagens ao ex-presidente e nem deve ter visto o Reims quase abrir o placar no primeiro lance de jogo, quando Antagana avançou pela direita e achou Balogun na área pelo alto. Mas ele cabeceou todo torto e mandou pela rede ao lado de fora. O que os torcedores certamente viram foi uma jogada de Barcola pela direita no minuto seguinte, que ao cruzar para a área, acabou fazendo Agbadou mandar para as próprias redes em gol contra. Lyon 1-0!
Quando dissemos que foi agitado o começo, foi mesmo. O Reims não se abateu depois de sofrer o primeiro gol e apareceu de novo. Agora com Balogun em bola ao chão. Ele saiu em disparada pela esquerda, passou como quis em velocidade por Boateng, que parecia carregar uma tonelada de ferro nas costas de tão lento. Balogun entrou na área e, novamente, acertou a rede pelo lado de fora.
É! O Reims tentou, não se abateu em momento algum depois de sofrer um gol relâmpago, mas não conseguiu evitar o segundo. Em jogada pela direita, Barcola ganhou de cabeça e Lacazette dominou no meio de campo. Ele viu o mesmo Barcola sair em disparada e mandou um passe lindo para o jovem percorrer o campo todo ao lado direito. Ao entrar na área, Barcola tocou pra trás e quem estava na entrada da área para finalizar de primeira em gol? Lacazette! Um belo trabalho da dupla. 2-0 com nove minutos de jogo!
Só depois do segundo gol do OL que o jogo começou a dar uma acalmada. Os Gones sabiam que não precisavam se expor mais e ficavam apenas na retaguarda esperando um vacilo do time visitante para partir pra cima novamente e, talvez, emplacar um terceiro. Tagliafico quase acertou um golaço de fora da área em rebote de escanteio e Jeffinho teve uma chance sem ângulo aos 23’. E o Reims tentava, mas tinha dificuldades na hora do último passe ou de finalizar mesmo.
O Reims esteve muito perto de diminuir o marcador na casa dos 40’ de jogo. Mais uma vez o jovem Antagana apareceu com muito perigo pela direita. Ele conseguiu prender a bola e esperar a movimentação na área. Ao fazer o cruzamento, Caqueret tentou cortar e a bola sofreu desvio. Na sobra, Ito tentou a primeira e Lopes fez uma bela defesa. No rebote, Ito empurrou para as redes, mas o VAR anulou o gol por impedimento.
O resumo da primeira parte foi de um Lyon inflamado pelo seu torcedor ensandecido no jogo de hoje, que conseguiu resolver dois lances de perigo em gol e que não deu sopa pro azar nos momentos em que precisava decidir. O Reims foi pra jogo, mas esbarrou principalmente na pilha criada pela atmosfera da partida. Uma tremenda festa do torcedor, que certamente deu todo o tempero para o modo fulminante como o OL encarou principalmente o começo do jogo.
Na volta do intervalo, se a situação parecia complicada para o Reims, piorou ainda mais quando Lacazette recebeu na entrada da área e, com um drible de corpo, deixou Agbadou na saudade. Mas o zagueirão não deixou barato e segurou o atacante do OL que entraria sozinho na área. O árbitro marcou falta e cartão amarelo, para depois ser chamado no VAR e confirmar a expulsão do único zagueiro de origem que estava em campo pelo Reims.
Will Still então precisou fazer duas mexidas, colocando outro zagueiro de origem em campo, Fall, além do volante Lopy, para as saídas do bom Antagana e de Flips. Antes da troca no time visitante, Jeffinho ainda quase fez um gol antológico, ao receber na área, cortar dois jogadores num único drible e tentar mandar a bola no ângulo. Infelizmente ela acabou subindo muito e foi por cima. Pouco tempo depois, o mesmo Jeffinho daria lugar a Aouar na primeira mexida de Blanc.
O Reims chegaria de novo aos 24’ do 2º tempo e, de novo, teria um gol anulado. Dessa vez, foi uma joga de Lopy pelo lado direito. Ele colocou na área e lá estava o japonês Ito novamente. Ele dominou, girou e bateu na saída de Lopes. Dessa vez, nem precisou do VAR para o impedimento ser consolidado. Logo depois desse lance, o OL fazia sua segunda mexida, com Lepenant no lugar de Boateng e Tolisso virando zagueiro.
Perto dos 30’ do 2º tempo, o Lyon ficou perto de marcar seu terceiro gol no jogo. Seria uma linda jogada conjunta de Caqueret, Cherki e uma finalização cruzada de Lacazette. Mas, de novo, o VAR agiu na partida e anulou o 3º gol nesse jogo. No milímetro dessa vez. Se Lacazette fizesse, entraria na artilharia da Ligue 1 ao lado de Mbappé de novo. Não era dessa vez. Mas o jogo era “lá e cá” a todo instante.
Não foi com Lacazette, mas apareceu com Caqueret. Aos 37’ da etapa final, o volante foi cobrar falta cruzada na área e bateu com muito efeito. A bola quase foi cabeceada por Tolisso, mas acabou passando por todo mundo, até mesmo do próprio goleiro do Reims. Agora, sim, era o 3-0 no placar sem qualquer intervenção do VAR desta vez. Logo após o gol, Blanc mexeu pela última vez, estreando o jovem Mamadou Sarr, assim como entrou Amin Sarr e Gusto. Saíram Caqueret, Barcola e Kumbedi.
Still colocaria De Smet e Koeberlé nos lugares de Busi e Cajuste e no finzinho ainda pôs o jovem Diakhon para a saída de Ito. Deu tempo ainda do Lyon chegar próximo do quarto gol, com Lacazette perdendo a chance debaixo da trave e sem goleiro. Mas acabou não acontecendo. E enquanto Lille e Rennes vencia seus jogos, resta ao OL entrar na última rodada já quase sem expectativas. É vencer, torcer para os dois adversários – além do Monaco – perderem, e ainda tirar 9 gols de saldo da diferença do Rennes. Complicou, né?
O Lyon agora se prepara para o seu último compromisso de toda a temporada. A rodada derradeira será diante do Nice, no Stade Allianz Riviera, também no sábado, e novamente às 16h do horário de Brasília, juntamente com os todos os demais jogos da Ligue 1. Essa será a 38ª rodada. Até lá!