domingo, 21 de novembro de 2010

Do banco de reservas para a glória

Filipe Frossard Papini


Lisandro e Gourcuff provam que, mesmo voltando de lesão, ou poupados, não podem jamais começar na reservas. Ambos foram responsáveis pela virada emocionante no Félix Bollaert




Já buscando a liderança, e invicto a seis partidas, o Lyon agora enfrenta o Lens, na cidade do próprio time. Na oitava colocação e mantendo a boa sequência que vem tendo, em pouco tempo o time de Puel deve alcançar a ponta. Por outro lado, o Lens está na zona de rebaixamento e desesperado para sair da posição incomoda.

Os desfalques marcaram a escalação das duas equipes. Pelo lado do Lens, o time só não conta com a ausência de Demont, o único desfalque para a partida. Esse é o ponto positivo para o treinador Jean-Guy Wallemme, que pode colocar em campo seu time praticamente titular. Veja a formação inicial:




Já Claude Puel não tem todas as peças disponíveis assim. Gourcuff foi poupado dos titulares por cansaço e as lesões ainda estão em vigor. Nomes como os de Cris, Lisandro, Michel Bastos e Delgado, são alguns que desfalcam o time. O argentino, ao menos iniciava a partida no banco, assim como Gourcuff. Por outro lado, Cissokho retorna ao grupo e integra o time inicial. Veja o esquema abaixo:




O duelo no Félix Bollaert começou corrido. Ambos os times abusando da velocidade. O fator tático propiciava um estilo de jogo assim. Boukari e Akalé pelo Lens, assim como Briand e Piéd pelo Lyon, eram os responsáveis por dar essa maior mobilidade ao jogo.

Com 15’ de jogo, o primeiro lance de perigo aconteceu. Após falha bisonha de Diakhaté, Roudet aproveitou e saiu em disparada em direção gol. Sorte do Lyon era que Lloris estava esperto e saiu da área para dividir com o atacante adversário, que ficou pedindo falta. O árbitro foi correto em marcar apenas o escanteio.

Aos 24’, o Lens abriu o placar. Lloris cobrou tiro de meta, a bola não ficou por muito tempo no campo de ataque do Lyon e voltou com rapidez. Em contra-golpe fulminante e após falha de Cissokho e novamente de Pape Diakhaté, Kanga Akalé entrou na área lionesa e finalizou no canto direito de Hugo Lloris, que dessa vez não pode fazer nada.

Dotando de certo desespero, o OL tentava atacar, mas era muito afobado e pecava em lances bobos. A qualidade técnica de Pied, Briand e Gomis não ajudava e o time sequer incomodou o goleiro Runje.

Além de errar muito na frente, o setor defensivo parecia nervoso e chegava atrasado em vários lances. Até Toulalan, que é sempre lembrado por sua serenidade, errava muitos carrinhos e acabava propiciando lances de bolas paradas ao Lens. Diakhaté, Cissokho e Lovren também abusavam dos lances faltosos. Definitivamente o gol fez muito mal o time do OL.

Aos 36’, o Lyon poderia ter empatado. Em jogada aérea, Réveillère descobriu Makoun dentro da área. O volante disputou a bola com Runje, que caiu atabalhoado. O camaronês recuperou a bola e marcou. No entanto, o árbitro paralisou o lance e marcou falta no goleiro lensois.

Percebendo os problemas nítidos do seu time, Claude Puel fez duas alterações logo no intervalo – o que não é muito comum do treinador. Tirou Pied e Pjanic para colocar Lisandro e Gourcuff.

A mudança já foi percebida logo de cara. Nos primeiros 10’ da segunda etapa, o Lyon já pressionava e atacava tudo aquilo que deixou de fazer no primeiro tempo. Lisandro e Gourcuff realmente deram um outro panorama para o jogo, incisivamente no ataque liones.

Aos 18’, do segundo tempo, veio o empate do Lyon. Jogada trabalhada com rapidez no setor ofensivo. Tabela entre Briand, Makoun e finalmente Bafé Gomis. O “Pantera” arrematou de primeira, sem deixar a bola cair no chão. A pelota ainda tocou na trave antes de entrar. Belo gol, já merecido, por toda a insistência do OL no segundo tempo.

Lovren ainda quase aumentou, cinco minutos após o gol. Bola parada e Gourcuff na cobrança. O camisa 29 achou o zagueiro no segundo poste. O croata conseguiu alcançar a bola, que por sua vez explodiu na trave, para desespero do próprio jogador.

Uma inversão de jogo tomou conta do panorama da partida. No primeiro tempo, apesar da partida morna, o Lens dominava. Conseguia chegar algumas vezes a Lloris e sua zaga compacta, não deixava os jogadores do OL chegar. No segundo tempo, a entrada dos dois principais jogadores do Lyon proporcionou uma injeção de ânimo assustadora, capaz de fazer o Lens provar o próprio veneno e sofrer dentro de sua própria casa. Os erros psicológicos que abalaram o time de Puel no primeiro tempo, já não existiam mais e a partida estava nas mãos – ou melhor, nos pés, dos jogadores do Lyon, bastava querer e tentar um pouco mais. Era questão de tempo

Dito e feito, aos 73’, a locomotiva avassaladora que se tornara o time gaulês, finalmente conseguiu a virada. Jogada individual de Gourcuff, na ponta esquerda, meio na raça e meio na técnica, conseguiu um cruzamento para a área. Lá estava Gomis, novamente ele. Fazendo o que sabe fazer, empurrando a bola pro gol, com a faca e o queijo na mão. Lyon 2 a 1.

E teve espaço para o terceiro. Dessa vez, a jogada não foi de Gourcuff, mas sim de Gomis, e de Makoun. Ambos tabelaram de forma bela e conseguiram tirar a marcação da jogada. Entrando na área, estava Lisandro, livre de marcação. O argentino chutou de primeira, marcando um belo gol. Definitivamente o Lyon tinha se ajeitado de maneira primorosa, enquanto o Lens morreu no intervalo, o que foi fundamental para a virada e a inversão total de jogo.

A conclusão que podemos tirar dessa partida é que Lisandro Lopéz, assim como Yoann Gourcuff, jamais podem ser reservas desse time. Independente da circunstância. O grupo precisa deles em campo e com eles, o Lyon se torna um time de primeiro escalação. Gourcuff, a cada jogo que passa, mostra uma pouco mais do seu potencial, mas ainda acho que está longe de ser aquele do Bordeaux.

Makoun também merece os créditos. Jogou de maneira correta. Mesmo no primeiro tempo, quando o time estava perdido, ele soube conduzir o jogo, dentro daquilo que se esperava. É um jogador útil para o time e seria uma perda, se deixasse o OL em janeiro. Por outro lado, Gomis mostrou que ainda tem energia pra gastar. Infelizmente pra ele, comumente, ele só entra em campo, quando substitui Lisandro. Jogando juntos, nota-se que dá para fazer uma dupla aceitável no ataque. Esperamos que Puel veja isso e saiba explorar esse Lyon diferente que vimos hoje.

Próximo adversário: UEFA Champions League. Quarta-feira (24/11/10), às 17h45. O jogo será contra o Schalke 04, em Gelsenkirchen.

FOTOS: L'Equipe / olweb.fr / Football365.fr


GOLS DE LENS 1-3 LYON

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