sábado, 19 de março de 2011

Um castigo não merecido

Filipe Frossard Papini
@BrasiLyonnais / @FilipeDidi


Lyon joga bonito, quase vence, mas não contava com a falha de Lloris. Um empate amargo que beneficia o líder isolado Lille




Ressaqueado e abatido, agora o Lyon só tinha uma meta nessa temporada: a Ligue1. Não poderia mais tropeçar, uma vez que o Lille segue implacável. Hoje, fora de casa, derrotou o Brest e segue com certa distância na ponta. Os Dogues assistiriam Lyon x Rennes de camarote. Um mordendo o outro. O confronto entre o 2º colocado e o 3º. Os rubro-negros veem de uma derrota para o Marseille, em casa, e assim como o OL, também estão amargurados pela derrota.

Quem assistiu ao jogo de quarta-feira certamente percebeu que o Lyon precisava de algumas mexidas. Puel barrou o capitão Cris e deu oportunidade a Pape Diakhaté. Delgado, que sente um desconforto na coxa, e Källström, resfriado, não começaram entre os titulares. O argentino sequer foi relacionado. Pjanic e Gomis dessa vez começaram jogando. OL vinha pra frente. Dois meias de armação, dois pontas e um centroavante. Veja o time:




O time de Antonetti tinha um desfalque importante: Yacine Brahimi. O meia, lesionado, não viajou para Lyon. O Rennes perdia seu vice-artilheiro na temporada, e em um dos jogos mais importantes. Mas por outro lado, poderia contar com Montaño, o principal jogador do time e artilheiro, além de Yann M’Vila, recém convocado por Blanc para compor a seleção principal da França. Veja a formação inicial dos visitantes:




Nos primeiros 15’, o Lyon era ligeiramente melhor. Tinha muito mais posse de bola do que seu adversário, 62%. Contudo, mesmo com esse domínio de terreno, não chegava a incomodar o Rennes. Teve uma boa oportunidade com Gomis, mas o atacante foi desarmado na entrada da área e sequer chegou a finalizar.

O Lyon era mais calmo. Fazia valer sua vantagem por jogar em casa. Com sua tranquilidade tentava sair jogando, mas tinha dificuldades. O Rennes marcava bem a saída de bola. Pjanic até se esoforçava a buscava o jogo no campo de defesa, mas ainda assim, o melhor para se jogar era pelos lados do campo. Réveillère e Cissokho eram as válvulas de escape.

O SRFC tinha uma postura bem defensiva. Não tinha muitos recursos, a não ser esperar o erro do OL. Por outro lado, o time de Puel tinha que ser certeiro para achar seu espaço. Lisandro e Gomis se movimentavam bastante. Bafé, sempre pelo centro, puxava a marcação, enquanto a argentino tentava abrir espaços. No setor ofensivo, essa era a jogada que vinha dando certo para tentar ultrapassar o forte setor defensivo do Rennes.

Só aos 30’, que os visitantes deram uma acordada e finalmente tiveram tempo para tocar a bola. O primeiro lance de ataque foi um escanteio, cobrado por Leroy, que não soube aproveitar a oportunidade e a desperdiçou. Enquanto o Rennes tinha a posse de bola, o Lyon pressionava e diminuía o espaço.

Jogando da mesma forma que expliquei acima, o Lyon abriu o placar, aos 36’. Toulalan veio carregando a bola do meio-campo, em velocidade. Gomis passou rápido, na entrada da área. Na corrida, perdeu espaço, mas olhou pra trás e achou Lisandro entrando na área. O argentino chutou forte, e a bola bateu no pé do próprio Gomis, desviando a atenção do goleiro Douchez. Lyon 1 a 0.

Antes do intervalo, dois lances lamentáveis. Primeiro, Pjanic em disputa de bola, entra de forma maldosa e acerta a perna de Montaño. O atacante do Rennes precisou de atendimento médico, enquanto o bósnio recebia cartão amarelo. Em seguida, já com Montaño em campo, ele ganhou uma dividida de Toulalan, e quando o volante do Lyon ainda estava no chão, ele fez questão de pisar nas costas do camisa 28 do OL. Dessa vez, não houve punição do árbitro Anthony Gautier.

No segundo tempo, as equipes voltaram as mesmas. A primeira chance de gol, foi do Lyon. Aos 49’, Cissokho ganhou de Leroy na velocidade, pela esquerda. Avançou até a linha de fundo e cruzou rasteiro pra área. Gomis chegou a encostar, tentando uma finalização de letra. O toque só raspou na bola e não foi o suficiente pra desviar ao gol, e saiu pela linha de fundo. Aos 51’, foi a fez de Pjanic cruzar pra área e achar Lovren. Dessa vez o zagueiro estava sozinho e, ainda assim, conseguiu finalizar pra fora, de cabeça.

O esquema de jogo do Lyon era muito óbvio e muito bem efetuado. Com a pelota aos pés, todos os jogadores tocavam e faziam o Rennes dançar em campo. Os Gones tinham muita facilidade para deixar o toque de bola macio e calmo. Aos poucos, um buraco era feito na defesa adversária e por ali surgia o ataque do OL. Sem as bolas nos pés, o Lyon todo voltava para marcar e não permita o avanço do Rennes até depois do meio-campo. Os atacantes pressionavam a saída e não deixava espaço pra bola ser tocada. Exatamente por isso havia uma diferença considerável na porcentagem de posse de bola. Para os visitantes reverterem o quadro, precisariam ser cirúrgicos em suas poucas oportunidades. Foi exatamente isso que Mourinho fez no meio de semana e conseguiu abrir a porteira do goleiro Lloris.

Como o Rennes não tem Mourinho e tem Frédéric Antonetti, o time não soube se comportar da melhor maneira em campo. Obviamente seria utopia cobrar um futebol de Real Madrid no elenco do Rennes. Mas senso de responsabilidade era o mínimo que se esperava. Estou me referindo a Montaño, o principal jogador dos visitantes. Após perder uma bola para Lovren, que entrou limpo, não titubeou e acertou um pontapé no zagueiro lionês. Dessa vez Gaultier o mandou pra rua e amarelou o zagueiro do OL.

Mesmo com um a menos, o Rennes até tentou atacar. Aos 70’, com Verhoek no lugar de Camara, já tinha diminuído a posse de bola do Lyon de 63% para 55%. Conseguiu avançar ao campo adversário tocando com mais calma. Mas era ineficiente para finalizar. Não tinha qualidade para penetrar na zaga, mas tentava. Em vão. Em vão, até os 87’.

O Lyon mostrou, demonstrou e convenceu que tem elenco pra brigar sim pelo título. A primeira vista, a eliminação na Champions League não abateu os jogadores e nem a torcida, que cantarolou do início ao fim do jogo. Uma postura exemplar em campo. Jogou como pouco se viu e foi certeiro. Fez um gol e jogou com domínio, impondo-se em campo. Mesmo depois de Källström e Pied entrar nos lugares de Gourcuff e Briand, o OL mantinha a postura. O Rennes não parecia ser um time que ostentava, até então, a vice-liderança da competição. Quem assistiu ao jogo e desconhecia a atual situação de ambos na tabela, certamente arriscaria ser um jogo entre líder e lanterna, tamanha a discrepância.

Mas o futebol não é uma receita de bolo. Quando disse que o ataque do Rennes foi em vão até os 87’, queria dizer que, acreditem, ali aconteceu um empate. Os rubro-negros se lançaram o ataque na tentativa desesperada de gol. Bola alçada na área, o ataque escorou. Lloris, mal posicionado, caiu de maneira desastrosa e deixou a bola passar ao outro lado. Théophile-Catherine chegou completando. Isso porque Danzé também estava pronto pra arrematar. Silêncio no Gerland. Ninguém poderia acreditar, nem mesmo o próprio autor do gol, que comemorava de maneira eufórica.

Puel, lançando sua última carta, apostou em Lacazette nos últimos minutos. Tarde demais. Não havia mais tempo para reação. No soar do apito final, os jogadores do Rennes permaneciam no gramado, comemorando como se fosse um título. Em contraponto àquele cenário, desolados, os jogadores do Lyon, um a um, desciam ao vestiário com um semblante murcho. Parecia que o Real Madrid novamente tinha-os eliminados da Champions League. Quem ganha com isso tudo? O Lille, que assistiu com certa distância e provavelmente comemorou mais do que os próprios jogadores do Rennes. Abaixo, você vê como terminou a 28ª rodada da Ligue1, sem os jogos de domingo.

Próximo adversário: O Nice, fora de casa, pela 29ª rodada do francês. O jogo será no dia 02 de Abril, às 16h. O OL vai ter uma semana de descanso e reflexão. Tempo necessário para concertar o que está errado.




FOTOS: FranceFootball / olweb.fr / Ligue1.com


MELHORES MOMENTOS (1º TEMPO):



MELHORES MOMENTOS (2º TEMPO):

Nenhum comentário:

Postar um comentário