quarta-feira, 16 de março de 2011

Depois de sete anos, o Real Madrid volta às quartas de finais da UCL

Filipe Frossard Papini
@BrasiLyonnais / @FilipeDidi


O brasileiro Marcelo, nome do jogo, foi decisivo na quebra do tabu




Santiago Bernabeu é palco de um dos mais aguardados jogos da Liga dos Campeões. O confronto entre Real Madrid e Lyon já toma contornos de clássico. Isso se deve ao tabu que o Lyon vem sustentando, de jamais ter sido derrotado pelo time espanhol. A sina do time de Mourinho é de não conseguir avançar pelas oitavas de finais desde 2003/04. Hoje, jogando em casa, o panorama poderia mudar. Seria a dupla de portugueses – José Mourinho e Cristiano Ronaldo – os principais responsáveis pela giro na mesa do embate?

Mesmo com a dúvida que pairou durante toda a semana, Mou entrou em campo com Cristiano Ronaldo. Benzema, em grande fase, deixou o recém contratado Adebayor no banco. Marcelo não deu espaço para Arbeloa começar dentre os titulares. Veja a escalação do time espanhol:




Claude Puel, depois de não poder contar com Cris e Cissokho durante os últimos jogos da Ligue1, agora tinha os dois no seu time titular. A maior novidade gira em torno de Bafétimbi Gomis. Dessa vez ele não começou jogando e deu espaço para Briand. Delgado substituiu Michel Bastos – suspenso e lesionado. O time do Lyon começou assim:




Com a bola rolando, os três primeiros minutos foram assustadores para os torcedores do Lyon. Primeiro, Cristiano Ronaldo desperdiçou boa oportunidade em cobrança de falta. Depois, Marcelo arrancou bem, passou para Özil, que ganhou em velocidade de Cris, mas parou em Lloris. No rebate, a defesa lionesa espantou o perigo.

Ao contrário do que Jean Michel-Aulas afirmou no meio da semana, o Real Madrid não jogava com uma postura defensiva. Muito pelo contrário, o time da casa fazia valer sua vantagem e ditava o ritmo de jogo. O OL, por sua vez, buscava o erro do adversário para penetrar na defesa deles.

Nos primeiros 20’, o Lyon se mostrava mais cauteloso, porém um pouco nervoso. Tentava, mas não apresentava perigo algum. O lado esquerdo, com Cissokho e Delgado era o mais acionado, e consequentemente era o lugar onde mais havia espaço para o Madrid jogar. A primeira chance verdadeira de gol, surgiu aos 21’, quando o mesmo Cissokho apareceu bem pela esquerda, cruzou pro centro da área e achou Delgado. O argentino parou, olhou e chutou no canto esquerdo de Casillas, que se esticou para mandar ao escanteio.

Com o Lyon entendendo o estilo de jogo de Mourinho, começava a ter mais posse de bola e dominar o espaço em campo. O Madrid era quem, agora, buscava os contra-golpes. Em um deles, Özil achou Cristiano Ronaldo na esquerda, que levou a defesa do OL e chutou com muita força. Lloris evitou com destreza.

Aos 36’, o placar seria aberto. Marcelo recebeu de Xabi Alonso e saiu em disparada. Tabelou com Cristiano Ronaldo, limpou Cris e Lovren e bateu na saída de Lloris. O goleiro do Lyon ainda encostou na bola mas ela morreu no canto direito da meta. Real Madrid em vantagem no Bernabeu.

Aos 41', Marcelo, avança pela ponta esquerda e acha Benzema no centro da área. Ele arremata mal, mas força uma grande defesa de Lloris. Em seguida, Benzema em posição de impedimento marca aquele que seria o segundo gol do Real. Mas o lance foi bem anulado pelo árbitro. Lyon sentia a necessidade de buscar o jogo e avançava um pouco afoito demais. Gourcuff já tinha sido amarelado e o grupo errava passes fáceis.

Na volta do intervalo, o Lyon já começou com uma troca. Jimmy Briand foi trocado por Bafétimbi Gomis. Agora Lisandro atuava mais aberto e Bafé era o responsável por jogar de centroavante.

A princípio, a troca, somada ao desespero por fazer um gol, não fizeram bem ao Lyon. O Real Madrid tinha espaço para jogar e fazia isso bem. Toulalan e Källström atuavam bem no meio-campo, ao contrário do seus companheiros defesa. Cris e Lovren notavelmente batendo cabeças não coneguiam se impor frente ao rápido estilo de jogo dos espanhóis. Mas a pior nota do time francês ficava por conta de Gourcuff, que fazia um jogo muito ruim. Errou tudo que tentava e não ajudava na frente.

Com 22’ do segundo tempo, o segundo gol do Real estava mais próximo do que o empate do Lyon. E foi assim que aconteceu. Réveillère saiu jogando errado. Marcelo recuperou, achou Özil passando em velocidade. No lance Lovren errou a passada e Cris parou no lance. Benzema, que não é bobo, avançou e tocou na saída de Lloris. Real Madrid 2 a 0.

No lance seguinte, em jogada de Di María e Özil, Benzema quase marca o terceiro. Não fez por pouco. Sendo assim, Puel trocou Gourcuff, que fez sua pior atuação com a camisa do Lyon, e colocou Jérémy Pied. Pouco tempo depois, Cristiano Ronaldo – que apesar de machucado, jogou bem –, para a entrada de Emmanuel Adebayor.

Aos 30’, o caixão foi fechado. O Real Madrid fazia o seu terceiro gol. Em chutão da defesa espanhola, Toulalan falha, a bola sobra pra Özil, que desvia de cabeça e acha Di María passando em profundidade. Na entrada da área, saiu de frente com Lloris, e tirou o arqueiro do OL com uma cavadinha. Show dos galáticos!

Aos 35’, Chelito era substituído por Pjanic e aos 38’, Benzema deixou o gramado do Bernabeu sob aplausos e deu lugar a Lass Diarra. O jogo já estava definido. O Lyon, mesmo se fizesse dois gols ainda não tinha condições de se classificar. E jogando da forma como atuava, era impossível causar perigos ao Casillas.

Definitivamente Mourinho soube encaixar um estilo de jogo que não permitia os avanços dos Gones. Ele expôs todos os defeitos do Lyon de maneira aberta para quem quisesse ver e criticar. A zaga beirou o nível lamentável, assim como o setor ofensivo. Foi um massacre. Os poucos que se salvaram foram: Lloris, Cissokho, Toulalan, Källström e Lisandro. Os demais foram apáticos e não pareciam estar em Campo para jogar uma partida decisiva de Champions League.

Pelo lado do Real, a cada partida Benzema vem se firmando. Começa a ganhar moral com a torcida e com Mou. Özil e Di María só não fizeram mágica pois Toulalan estave bem e errou em apenas um lance, que foi crucial. Finalmente terminava o tabu. José Mourinho já pode se levantar e ser aplaudido pelos torcedores merengues. Méritos totais. O Real foi melhor nos dois jogos e mereceu sair com a classificação.

E por fim, agora não há mais argumentos que sustente Claude Puel no cargo. As chances dele deixar o boné no fim da temporada ficam cada vez mais claras.

Veja o resumo do jogo pela ótica do amigo Pedro Spiacci, no blog Quatro Tiempos, clicando aqui

Próximo adversário: Atenções voltadas para a Ligue1. Agora o OL só participa desta competição. A briga vai ser com um adversário direto que também luta pela ponta, o Rennes. O jogo vai ser no Gerland, às 17h do sábado (19/03/11).

FOTOS: AS.com / L'Equipe / olweb.fr


Real Madrid 1-0 - MARCELO



Real Madrid 2-0 - BENZEMA



Real Madrid 3-0 - DI MARÍA

2 comentários:

  1. Fala, Filipe.

    Acabou acontecendo o que disse há dois posts, jogando Briand e Delgado e Gomis no banco.

    Mas certamente isso vai gerar uma longa discussão na mídia francesa, primeiro pela má partida de Briand, que não apareceu na frente e não acompanhou Marcelo em momento algum, segundo porque Gomis, artilheiro do time na temporada, entrou muito bem.

    Jogaço esse Lyon x Rennes, na mesma rodada de um Marseille x PSG. Segunda temporada consecutiva que a Ligue 1 está absolutamente embolada.


    Abraços!

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  2. Essa derrota serviu de alerta. Certeza que haverão mudanças no fim da temporada. Começando por Claude Puel

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