domingo, 27 de setembro de 2015

Lyon poupa pensando na UCL e Bordeaux castiga

Filipe Frossard Papini
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Com brilhante participação do meia Wahbi Khazri, time da casa liquida partida já no primeiro tempo e reverte resultado extremamente negativo do meio da semana



Clássico na tarde deste sábado na França... Mas um clássico de situações distintas. Jogando em casa, o Bordeaux tinha a dura missão de superar uma derrota por 6 a 1 diante do Nice, na rodada do meio de semana. Willy Sagnol contava com sua torcida para comandar seus jogadores diante do Lyon para, além de afastar desconfianças sobre o placar anterior, também tirar o time da incomoda situação, perto da zona de rebaixamento, que já assombra os mais céticos. Do outro lado, o OL vive um ambiente mais de calma. Na quarta-feira, venceu sua primeira partida dentro de casa pela Ligue1, jogando bem e fazendo brilhar a estrela do jovem Aldo Kalulu. Visando o já o topo da tabela, o Lyon entrava em campo de consciência leve para bater os girondinos.

O time da casa tem como sua principal força um setor ofensivo muito consistentes, com nomes que podem decidir partidas. Contudo, para o jogo de hoje, metade destas peças estavam ausentes – ou por lesão, ou por suspensão. Desta forma, o GdB perdia 50% da sua qualidade de ataque para enfrentar o Lyon e fazer sua torcida sorrir novamente. Mas, ainda assim, o time contava com nomes interessantes como Khazri, Rolan, Saivet, Maurice-Belay e o brasileiro Jussiê. Na imagem abaixo é possível ver a formação inicial escolhida pelo treinador Willy Sagnol:




O Lyon ainda tinha desfalques mais importantes. A dupla que levou o OL de volta à Liga dos Campeões na última temporada, Fekir e Lacazette, estavam ausentes. Além deles, duas recentes contratações também ficaram no DM: Rafael e Yanga-M’Biwa. Fora Bedimo, Koné, Fofana e Grenier. Hubert Fournier por, outro lado, contava com os retornos dos meias Rachid Ghezzal e Mathieu Valbuena. Este último, inclusive, carregando a responsabilidade de ser o protagonista do jogo. Ele se ausentou do jogo do meio da semana depois de ter sofrido com as entradas duríssimas do duelo contra o Marseille, no último domingo. Além de tudo isso, o treinador do OL decidiu poupar peças já pensando na UCL no meio da semana seguinte. Abaixo, a formação tática de Fournier:




Apesar da notável desanimação dos torcedores bordelheses, o time da casa começou o confronto se sentindo empurrado por eles. Era ligeiramente melhor em campo, talvez, em função deste estimulo que vinha das arquibancadas. Não à toa, as chances criadas tinham pouca objetividade – e até mesmo muita falta de qualidade. Mas o Lyon não só se defendia. O jogo começava equilibrado, com ligeira vantagem do GdB.


O termômetro da partida só foi se alterar, de fato, com 17’ de bola rolando. Diego Rolan precisou sair da área para buscar o jogo. Trafegando livre pelo lado esquerdo, o uruguaio descolou um passe em profundidade para Wahbi Khazri, que facilmente carregou a bola e sem que desse tempo da zaga chegar pressionando, ele bateu cruzado – quase sem ângulo, e empurrou para as redes, no canto esquerdo de Lopes. 1 a 0!

Após o gol, a desanimação tomou conta do jogo. O Bordeaux, naturalmente, recuou. E o Lyon avançava suas linhas, mas dependendo muito do brilhantismo de Valbuena, que vivia um dia apagado. Sendo assim, as alternativas eram usar as laterais. Mas nem Morel e nem Jallet possuem cacoete para criar jogadas pelo setor. Dessa forma, o panorama de estagnado tomava conta do gramado, esperando alguma luz no fim do túnel para mudar o cenário.


E a luz veio novamente dos pés dos girondinos. E como de bola rolando não estava surgindo nada, o lance acabou saindo de bola parada. Em cobrança de escanteio, para ser mais específico. Já como Biyogo Poko no lugar de Gajic, por opção tática, o autor do primeiro gol, Wahbi Khazri cobrou no primeiro pau e o tcheco Jaroslav Plasil desviou. Antes de entrar para as redes, Jordan Ferri ainda desviou nela tentando evitar o gol... Em vão! 2 a 0.

O Lyon não buscava mudar o cenário. Estava completamente abatido dentro de campo e não tinha recursos para reverter. Com dois gols de vantagem, o Bordeaux, ao invés de retrair e tirar o pé, continuava apertando para aproveitar ainda mais o apagão raríssimo do time do Lyon que somente assistia ao passeio. Independentemente dos desfalques, não se justificava uma sonolência exagerada como se via.


E, certamente, teve espaço para mais. Já quase no apito do intervalo, o Bordeaux teve mais uma oportunidade em bola parada. Na cobrança, a bola foi alçada na área e, novamente, foi levantada no primeiro pau. Dessa vez, quem apareceu para encostar e desarticular toda a defesa dos Gones foi o zagueiro brasileiro Pablo. Com um ligeiro toque, ele se antecipou a Lopes e liquidou com o terceiro!

Com a segunda etapa chegando, rapidamente percebeu-se que nada havia mudado na postura do time e Fournier decidiu mexer exatamente na peça que era pra ter brilhado hoje e não o fez: Mathieu Valbuena. O treinador do Lyon tirou o baixinho de campo e colocou a prata da casa Rachid Ghezzal. Taticamente, a alteração não fazia alterações na estratégia, mas poderia ganhar uma melhor volatilidade neste jogo, especificamente.


E a entrada do jovem meia realmente mudou algo no jogo. Ele acabou dando mais movimentação e não era um jogador que chamava tanta atenção da marcação quanto um Valbuena. Ele conseguia distribuir melhor e definir jogadas. Arriscava passes em profundidade e chutas de longas de distâncias. Em um desses chutes, quase conseguiu bater o goleiro do Bordeaux e diminuir o placar. Mas ainda era preciso mais do que isso.

No OL entrava alguém que tentava mudar o jogo e, pelo Bordeaux, efetivamente, alguém que já havia mudado o jogo deixava o campo. Wahbi Khazri foi sacado e, para seu lugar, Sagnol optou pelo sueco Kiese Thelin. Agora era o GdB quem perdia um pouco mais da qualidade no passe, e no refino em descobrir jogadas, e optava para dar oportunidade para outro jogador mostrar valor. Pouco tempo depois foi a vez de Malbranque substituir Tolisso e Fournier investir na técnica novamente.


E nada dava certo. As estratégias do treinador do Lyon em poupar jogadores para aproveitá-los 100% da Champions League, mexeu muito na estrutura do time. Sem Gonalons, por exemplo, o elenco perdeu a pegada no meio de campo e, exatamente por isso, o Bordeaux conseguiu fazer o que quis por ali. Outro escolhido a ficar no banco foi Aldo Kalulu. O atacante, que já provou que pode fazer coisas bonitas, poderia ter ganho uma sequência para a partida de hoje como prova de consistência.

Faltando um pouco mais do que 10’ para o fim do jogo, o OL conseguiu um escanteio. Rachid Ghezzal foi para a cobrança e colocou na cabeça de Claudio Beauvue, que marcou o segundo dele pelo Lyon e o segundo de cabeça. A bola parada foi a única alternativa que o OL conseguiu para assombrar a defesa adversária no jogo de hoje, já que o mesmo Beauvue incomodou poucos minutos antes em uma cobrança de falta. Após o gol, os dois treinadores queimaram suas alterações. Kalulu substituiu Cornet no OL e Plasil deixou o campo para o brasileiro Jussiê, no Bordeaux.


A possível reação apareceu de forma tardia. Era preciso bem mais do que bolas paradas para reverter o resultado. E o OL não conseguiu. Definitivamente, não foi dia das estratégias de Fournier, que precisará pensar melhor na hora de articular um time misto em função da UCL. O time escolhido hoje, certamente, não poderá ser mais repetido. Papelões como estes podem custar toda uma temporada lá na frente.

Agora o OL volta toda sua concentração para o próximo jogo da fase de grupos da Champions League. A segunda rodada terá o confronto entre os franceses e o Valência, da Espanha. O jogo será na próxima quarta-feira (29/09), às 15h45 do horário de Brasília. O jogo será no Stade de Gerland. Até lá!

FOTOS: L'Equipe / olweb.fr 


OS GOLS DA PARTIDA:


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