segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tudo igual no “Choc des Olympiques”

Filipe Frossard Papini
@BrasiLyonnais / @FilipeDidi


Lyon luta contra o frio, contra um adversário em boa sequência, contra a desvantagem no placar e mesmo assim arranca empate fora de casa




Último jogo da 22ª rodada da Ligue1. 21h no horário francês, 18h no Brasil. 17 graus negativos em Marseille e dois jogos cancelados nesse domingo. Olympique de Marseille e Olympique Lyonnais eram os dois “sobreviventes” desse 5 de fevereiro, muito em função do tratamento em que o gramado do Stade Velodróme se submeteu durante toda a semana. Muita expectativa no jogo, que além de ser uma prévia da final da Copa da Liga Francesa, poderia definir uma situação entre os dois times, que jogavam em confronto direto por brigas no topo da tabela do Campeonato Francês. O Lille, teceiro colocado, teve seu jogo adiado. Portanto, o vencedor do “Choc des Olympiques” poderia ter uma terceira colocação garantida, mesmo que de maneira provisória.

Em campo, o técnico Didier Deschamps contava com o retorno do experiente Souleymane Diawara, que voltava de sua façanha pela Copa Africana de Nações. Por outro lado, a mesma competição tirava André Ayew e Jordan Ayew das mãos do treinador marselhês. Outro desfalque importante era do meia Mathieu Valbuena, que encontrava-se suspenso da partida. Além disso, era a primeira partida do OM sem a presença de Lucho Gonzáles, que retornou ao Porto. Veja abaixo como foi o modo de jogar do time de Deschamps.




Pelo lado do Lyon, o tecnico Rémi Garde tinha uma formação que não costuma usar na maioria das vezes (o 4-4-2). A Copa Africana de Nações já não prejudicava mais o seu elenco e a maioria dos jogadores já estavam a disposição. Sem aquele buraco no setor defensivo, que encontrava-se sempre desfalcado desde o começo do ano, o treinador do Lyon ousou em deixar o capitão Cris no banco e dar mais chance ao jovem Samuel Umtiti, que vem ganhando a confiança de Garde. Gonalons voltou de vez ao meio-campo, enquanto no banco de reservas, o OL tinha jogadores de luxo, como Gourcuff, Lacazette, Ederson, Grenier, além do próprio Cris. Abaixo, a escalação do Lyon para a partida:




No comecinho do jogo, o Lyon era mais incisivo no ataque. Parecia querer demonstrar toda sua qualidade logo no começo do jogo. A expectativa era dar um abafa do Marseille para que os mesmos adotassem um sistema bastante recuado no seu campo de defesa. O OL chegou a incomodar o goleiro Steve Mandada em algumas oportunidades em que o gol poderia até ter pintado.

Não caindo na “lábia” do Lyon, o Marseille não demorou a mostrar suas garras e provar quem realmente mandava no Velodróme. Aos poucos o time de Deschamps foi se acostumando com o confronto e foi descobrindo os seus espaços em campo. De maneira não demorada, era o OM quem já tomava conta dos espaços e deixava o Lyon na roda, e isso tudo de maneira bastante simples. Tudo era baseado em um toque de bola consciente e uma pressão na saída de bola de defesa dos visitantes. Quando tinha a bola em seu domínio, o Marseille jogava em função do brasileiro Brandão. Isso quer dizer que os donos da casa exploravam o seu centroavante e criavam jogadas para que o camisa 9 tivesse chances claras de gol dentro da área, principalmente em jogadas aéreas.

O primeiro gol da partida não foi uma novidade para quem já percebia o perigo iminente. Aos 15’, o Marseille avançava pela direita até Diarra receber no meio. Quem estava marcando o volante marselhês era Gomis, o homem mais avançado do time de Rémi Garde. Sem ter um poder de marcação forte, Diarra avançou como quis e lançou na área. Brandão – em posição de impedimento – tocou na bola. Cissokho tentou fazer o corte, mas só ajudou Benoît Cheyrou a marcar o primeiro tento do jogo. OM 1 a 0.

O sistema de jogo do Marseille continuava dando certo. O Lyon, abatido, forçava jogadas feitas por passes longos e não tinha a tranquilidade de colocá-la no chão e sair para o jogo de maneira mais calma. Michel Bastos e Briand, os meias do OL, jogavam muito abertos e a região central ficava aberta, deixando os dois volantes lioneses em situações vulneráveis. Em resumo, o OL jogava errado demais, em todos os setores. Enquanto isso, o OM gostava cada vez mais do jogo e continuava com as mesmas armas.

O segundo gol saiu aos 36’. O mesmo Cheyrou, que já havia marcado o primeiro gol, descobriu Brandão se deslocando na área adversária. O lançamento foi preciso e o brasileiro só deu um toque sutil para que a vantagem de dois gols fosse aplicada. Lloris nada pode fazer no lance e o Stade Velódrome delirava – mesmo com o frio – diante da superioridade dos donos da casa. 2 a 0 no placar.

Quando parecia que tudo estava acabado pro Lyon e sua situação se definhando de maneira cada vez pior, a redenção chegou. Dois minutos após sofrer o gol, Källström cobrou escanteio. A bola apareceu na área do Marseille, Briand – na primeira trave – deu um toque sutil pra trás, N’Koulou cochilou e Gomis aproveitou o gol escancarado. Gol do Lyon em momento nada propício, tanto ao Marseille, quanto a situação de jogo. Não era merecimento do OL ter esse tento, mas cochilada é cochilada e o castigo chegou a defesa do OM.

A partida ia se encaminhando para o intervalo quando o improvável aconteceu. O Lyon chegaria ao empate ainda na primeira etapa. Depois do primeiro gol marcado, o time de Rémi Garde parece ter renascido das cinzas. Uma disposição fora do comum e uma reorganização dentro de campo que pouco se viu. Uma acordada que fez o Marseille se assustar. Jogavam com a cabeça no lugar e com a consciência de fazer tudo certo. Agora sim, o empate parecia ser algo merecido, não só pelo empenho dos jogadores, quanto pela falta de competência do Marseille em fazer o terceiro quando foi necessário.

No último lance do primeiro tempo, Cissokho carregou a bola do lado esquerdo e se preparava para cruzar. Fez o passe, mas a bola foi desviada por Diawará e enganou completamente o goleiro Mandanda. Um gol contra que acabava com toda a moral do elenco marselhês. O time de Deschamps ia para o vestiário sem entender o que tinha acabado de ocorrer. Já o Lyon descia para o chuveiro com a sensação de dever cumprido. Conseguiram acabar com a vantagem e ainda deram um gás novo para a segunda etapa.

Nesse segundo tempo, quando tudo parecia ser favorável ao OL, o time de Rémi Garde pareceu pouco determinado a buscar a virada. Víamos um grupo satisfeito com o empate e até fazia cera em lances de bola parada.

Certamente o empate era um bom resultado pelo fator casa do Marseille. Mas analisando a tabela de maneira friamente, o Lyon não está em condições de dispensar uma vitória. O PSG e o Montpellier estão em larga vantagem, e deixá-los somar pontos de maneira desenfreada pode custar muitas coisas, desde o título até classificações para importantes competições na próxima temporada.

Nos últimos 45 minutos, Garde só fez uma alteração: colocou Clément Grenier no lugar de Gomis e voltou ao tradicional 4-2-3-1. Dava mais marcação ao meio-campo e não atacava como deveria. Sendo assim, a partida ficava bem mais burocrática, muito embolada no meio-campo e com vários lances faltosos. Uma pena em comparação a emoção que foi na primeira parte. Além de Grenier, Garde tinha mais três boas opções no banco que poderiam fazer a diferença, principalmente entrando com um gás novo quando o restante dos jogadores já estavam cansados: Ederson, Lacazette e Gourcuff. Esse último, inclusive, aqueceu durante quase todo o segundo tempo e não teve a oportunidade de entrar. Claramente ficou chateado com a opção de Garde.

Levando o empate pra casa, agora o Lyon tem outra missão pela frente: Copa da França, dia 08/02, quarta-feira, às 17h50. O adversário é o Brodeaux. O jogo será no Stade de Gerland.




FOTOS: olweb.fr / L'Equipe / Ligue1.com


OS GOLS DA PARTIDA NARRADOS PELA RÁDIO FUTEBOL PLUS:




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