segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Com o fim da janela, finalmente podemos conhecer a "cara" do Lyon para a temporada 2020/21

Filipe Frossard Papini
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Depois de mais de 20 anos, será a primeira vez que o clube não participará de qualquer competição internacional. Um marco negativo para esse século recheado de conquistas


Nova cara do Lyon se apresenta diante do Mônaco, pela 8ª rodada da Ligue 1 (Foto: ol.fr)

2020 é uma verdadeira antítese para o Lyon. Ao mesmo tempo em que terminou de forma precoce a temporada passada - em função da paralisão pela COVID-19 - e acabou ficando em 7º lugar, também conseguiu igualar o seu feito máximo na Liga dos Campeões e alcançar a semifinal da competição. Mas a façanha heróica não foi o suficiente para salvar a temporada seguinte, que é justamente essa que já se iniciou e que começa aos trancos e barrancos para o clube heptacampeão francês.

Sem poder contar com o orçamento de uma Champions League no calendário, ou mesmo uma Liga Europa, o time sofreu uma debandada em relação ao elenco anterior. Mas acredite: poderia ser ainda pior. A direção conseguiu segurar os principais jogadores e é através deles que mora a esperança do torcedor para que aconteça a volta por cima. Mas a missão não será tão fácil. A gente, de fora, sempre enxerga as figuras de Juninho Pernambucano e Jean-Michel Aulas no comando das tomadas de decisões, mas a verdade é que, ao que parece, existe muito cacique para pouco índio e, segundo a imprensa francesa - em especial o jornal L'Equipe - há um bate-cabeça latente entre aqueles que possuem poder de mando dentro do clube.

Nessa publicação, o blog vai tentar esmiuçar o Lyon para essa temporada. Como vem o time? O que esperar do elenco? Qual é a situação de bastidores? Quem saiu? Quem chegou? Quem vai liderar o elenco? Como estão os brasileiros no time? O calendário até aqui e, por fim, as expectativas. É um material para que você, que não está por dentro de nada do clube no momento, consiga ficar "na mesma página" de um torcedor eventual. Então, partimos do princípio.


QUEM ESTÁ PILOTANDO O BARCO?

Começamos então pelo contexto. Em resumo, se fosse uma história a ser contada, aqui seria o início. Ela pode se dar por uma pergunta que já recebi de curiosos sob diversas formas: "Quem é que manda no Lyon além do Juninho?". Bom. Mandar, de verdade, só uma pessoa. É o presidente do clube, Jean-Michel Aulas. Ele é o mandatário máximo do clube desde 1987 e o responsável principal por ter transformado o Lyon de um time de segunda divisão para uma potencia europeia. Todos ali dentro respondem à ele.

Mas as coisas funcionam de uma hierarquia piramidal no Lyon. E isso tem confundido algumas pessoas, inclusive dentro do clube. Ao menos é o que informa o L'Equipe. Toda a confusão tem como imbróglio central as peças que foram recentemente mexidas na instituição. Aulas tem como seu consultor um ex-técnico dos tempos áureos do clube: o lendário Gérard Houllier. Abaixo dele, um nome: Vincent Ponsot, diretor geral, gerente de recursos humanos, chefe de assuntos jurídicos, de clientes e da adminsitração esportiva. Depois disso, Juninho Pernambucano aparece como diretor esportivo e abaixo dele Bruno Cheyrou, como gerente de recrutamento de novos atletas, além de Rudi Garcia, o técnico do time.

 Vincent Ponsot posa ao lado de Juninho e Rudi Garcia em festa de gala da OL Fondation (Foto: Le Progrès/Marie REDORTIER)

A confusão em torno da teoria de que há muitas cabeças mandantes dentro do quadro do time surgiu a partir da chegada de Cheyrou. Ele veio para substituir um ex-jogador do clube que exercia a mesma função: Florian Maurice, que se transferiu para o Rennes justamente para um cargo similar ao de Juninho por lá. Maurice fez um belo trabalho à frente dos Gones nas tratativas de indicação de contratações e repor essa peça seria complicado. O OL não demorou muito e foi atrás de Cheyrou, que como experiência tinha apenas um cargo diretivo no time feminino do PSG.

Depois que Cheyrou chegou, e a janela de transferências se abriu, ficou um pouco evidente a falta de experiência dele para o cargo que assumiu. E problemas foram expostos pelo já citado jornal. O períodico disse que o Juninho Pernambucano queria outra pessoa para o cargo (o ex-zagueiro Patrick Müller), mas Cheyrou havia sido indicado pelo consultor Houllier. O ponto em comum? O ex-treinador foi comandante do ex-meio campista nos tempos de Liverpool.

Bruno Cheyrou já foi jogador sob o comando de Houllier na Inglaterra (Foto: Yahoo/Getty Images)

Sendo assim, Juninho praticamente foi escanteado na decisão, e na verdade seria Ponsot o chefe direto de Cheyrou. O jornal expôs, inclusive, que a relação entre Juninho e Cheyrou praticamente não existe além das tratativas protocolares, algo que eventualmente poderia prejudicar nas escolhas para contrações de novos atletas.

Em 30 de setembro, jornal L'Equipe traz em sua capa matéria que destaca o bate-cabeça na dretoria do Lyon (Foto: Reprodução/L'Equipe)

E não para por aí. O ponto mais grave da matéria do L'Equipe seria em relação às decisões técnicas. Para parte dessa diretoria de "várias vozes", Rudi Garcia já estaria balançado no cargo no atual momento. Há quem não goste do trabalho que ele vem realizando e há severas críticas no modo como ele comanda o grupo. Juninho era quem teria escolhido Rudi, na época de sua assinatura de contrato. Mas isso dentro de uma lista vinda "de cima" ao qual Juni não teria gostado dos demais nomes e Garcia seria somente a opção "menos ruim" dentre o que foi apresentado. Ainda segundo o L'Equipe, internamente, há quem defenda uma recisão completa de toda a equipe técnica para iniciar um novo comando esportivo em 2021, o que seria uma decisão extremamente arbitrária e rígida. Nomes como de Galtier, Favre, Sampaoli, Blanc, Rose, Bosz e De Zerbi foram citados.

A conclusão final da matéria é que, no melhor dos cenários, Rudi Garcia não renovará no final da temporada. Se os resultados seguirem negativos, o técnico pode cair antes da hora. Em paralelo a isso, resumem que o Juninho está num alto cargo, mas que ainda com poucos poderes para tomar decisões mais estratégicas e importantes, sendo basicamente sugado por Ponsot e Houllier que, em tese, possuem trânsito mais livre com o presidente Aulas.


ENTÃO RUDI FICA?

Passando a régua na parte diretiva, e entrando na parte técnica. A princípio, sim. Rudi deve seguir como treinador do clube, mas ele precisa provar com resultados expressivos. As duas vitórias seguidas conquistadas diante de Strasbourg e Mônaco podem ser o início de uma guinada. E é justamente disso que ele precisa. Alcançar uma boa sequência de jogos, como fez na temporada passada, na reta final da Champions League, pode ser um respiro interessante. Afinal de contas, o Lyon só tem um objetivo nessa temporada: se classificar de novo para uma competição internacional. E, para isso, só existem dois caminhos: ir bem na Ligue 1 ou ser campeão da Copa da França. Se a diretoria perceber que Rudi está longe de conseguir esses feitos, decisões drásticas podem ser tormadas, inclusive ainda em 2020 (com uma observação importante: a Copa da França só se inicia em janeiro).

Na bagagem de Rudi Garcia, ao assinar com o Lyon em 2019, ele trouxe apenas o auxiliar técnico Claude Fichaux, que se juntou a Gérald Baticle e Cláudio Caçapa, que já faziam parte da formação técnica fixa do clube. Pouco tempo depois, Rudi trouxe Paolo Rongoni, preparador físico e homem de confiança do treinador, que havia trabalhado com ele na Roma e no Marseille. Com a chegada de Rongoni, não demorou muito para o clube dispensar Dimitri Farbos, o antigo responsável pelo setor. Mas manteve os outros auxiliares físicos: Cédric Uras e Antonin da Fonseca.

Rudi Garcia comanda o time à beira do campo diante do Strasbourg, pela 7ª rodada (Foto: ol.fr)

Também não demorou muito para o Lyon perder uma de suas principais figuras técnicas do vestiário: o treinador de goleiros o ex-jogador, lenda do clube, Grégory Coupet. Ele estava com contrato para ser encerrado e, na omissão do clube em procurá-lo para uma possível renovação, ele acabou aceitando uma proposta do Dijon e deixou o clube um pouco chateado com a tratativa (ou não-tratativa) que teve. A solução encontrada pelo clube foi buscar Christophe Revel, que fazia o trabalho com goleiros na Seleção de Marrocos.


O PLANTEL RENOVADO, PORÉM COBRADO... E ESCASSO!

O período pandêmico, somado ao bom desempenho na reta final de Champions League, mais a questão financeira e orçamentária da temporada, que exigia movimentações de venda, fez com que o Lyon tivesse que liberar inúmeras peças, jogadores que foram importantes de alguma forma na temporada anterior. A reposição à altura não aconteceu e poucos reforços pintaram no elenco. Consequentemente, Rudi Garcia precisou optar por um caminho que sempre funcionou no Lyon: olhar para a base e perceber se havia algum talento a ser lapidado. E tinha! Mas a balança ainda está pesando para um lado. O OL perdeu principalmente em volume. Antes existia um bom time principal, mas peças de elenco que ajudava a mater o nível quando fosse necessário.

O lateral brasileiro Rafael foi um dos que deixaram o time numa grande leva (Foto: Reprodução/Instagram/@orafa2)

Após a janela, o OL está com um time mais frágil nesse aspecto. Vamos contar? Para começar a fazer isso, temos que voltar em janeiro. Naquela ocasião, o Lyon vendeu o o volante Lucas Tousart para o Hertha Berlim, mas com saída fixada somente em junho. Na época, ninguém imaginava que ia ter uma pandemia e o cancelamento do campeonato e, por isso, o jogador deixou o clube antes mesmo da reta final da Champions League. Ali já foi a primeira baixa do elenco. Então, vamos a lista de saídas:
  • Ciprian Tatarusanu (goleiro) - 34 anos - Milan (500 mil euros)
  • Anthony Racioppi (goleiro) - 21 anos - Dijon (Fim de contrato - custo zero)
  • Lucas Margueron (goleiro) - 19 anos - Clermont (Fim de contrato - custo zero)
  • Kenny Tete (lateral direito) - 24 anos - Fulham (3.2 milhões de euros + 10% da próxima venda, se essa ela for acima de 10 milhões)
  • Rafael (lateral direito) - 30 anos - İstanbul Başakşehir (Fim de contrato - custo zero)
  • Pierre Kalulu (lateral direito) - 20 anos - Milan (Fim de contrato - 480 mil euros)
  • Oumar Solet (zagueiro) - 20 anos - RB Salzburg (4.5 milhões de euros + 4 milhões de bônus por desempenho + 15% da próxima venda)
  • Issiar Dramé (zagueiro) - 21 anos - Olimpik Donetsk (Fim de contrato - custo zero)
  • Joachim Andersen (zagueiro) - 24 anos - Fulham (Empréstimo de uma temporada, sem opção de compra a um valor de 1 milhão de euro + 1 milhão se o Fulham se manter na primeira divisão)
  • Mapou Yanga-M'Biwa (zagueiro) - 31 anos - Dipensado (Fim de contrato)
  • Youssouf Koné (lateral esquerdo) - 25 anos - Elche (Empréstimo de uma temporada, com opção de compra, mas sem valor de passe fixado)
  • Héritier Deyonge (lateral esquerdo) - 18 anos - Utrecht (Empréstimo de uma temporada, com opção de compra, mas sem valor de passe fixado)
  • Théo Ndicka Matam (lateral esquerdo) - 20 anos - Oostende (Fim de contrato - custo zero)
  • Fernando Marçal (lateral esquerdo) - 31 anos - Wolves (2 milhões de euros)
  • Lucas Tousart (volante) - 23 anos - Herta Berlim (25 milhões de euros)
  • Paul Devarrewaere (volante) - 21 anos - Brest (Fim de contrato - custo zero)
  • Pape Cheikh Diop (volante) 22 anos - Dijon (Empréstimo de uma temporada, com opção de compra. Passe fixado em 5 milhões de euros + 1.5 milhão por bônus de desempenho + 15% da próxima venda)
  • Jeff Reine-Adélaïde (meia) - 22 anos - Nice (Empréstimo de uma temporada, com opção de compra. Valor do empréstimo de 500 mil euros + 500 mil se o Nice se classificar para alguma competição internacional. Passe fixado em 25 milhões de euros).
  • Ousseynou N'Diaye (meia) - 21 anos - Bourg-en-Bresse (Empréstimo de uma temporada, sem opção de compra)
  • Boubacar Fofana (atacante) - 22 anos - Servette (Fim de contrato - custo zero + 45% da próxima venda)
  • Bertrand Traoré (atacante) - 25 anos - Aston Villa (18.4 milhões de euros + 2.2 milhões por bônus de desempenho + 15% da próxima venda)
  • Martin Terrier (atacante) - 23 anos - Rennes (12 milhões de euros + 3 milhões por bônus de desempenho + 15% da próxima venda)
  • Lenny Pintor (centroavante) - 20 anos - Troyes (Empréstimo de uma temporada, sem opção de compra)
  • Yann Kitala (centroavante) - 22 anos - Sochaux (300 mil euros + 200 mil por bônus de desempenho + 35% da próxima venda)
  • Amine Gouiri (centroavante) - 20 anos - Nice (7 milhões de euros + 15% da próxima venda)
Ao todo, foram 25 partidas e isso considerando apenas jogadores do time principal e algumas peças do time B que em algum momento fizeram parte do time de transição. Ainda houveram jogadores do time B e sub-19 que deixaram o clube, mas que nunca haviam sido relacionados ou treinados no time de cima, como o meia de Guadalupe chamado Jairzhino Fumont, que tem esse nome - mesmo com a grafia errada - em homenagem ao lendário brasileiro da Copa de 70. Aos 20 anos, foi dispensado e está sem clube.

Dentre os nomes que chegaram, definitivamente Lucas Paquetá pode ser considerado o mais impactante (Foto: ol.fr)

A lista de chegadas é bem menor, ao todo são nove jogadores, contando com dois que vieram para compor o time B e sub-19. Como já foi dito, a enxugada forçou Rudi Garcia então a ter que alçar jogadores da base que já começam a aparecer. Mas na lista abaixo, primeiro vamos fazer a divisão daqueles que chegaram de forma externa. Lembrando que Toko Ekambi e Tino Kadewere já eram jogadores que haviam fechado antes, Toko Ekambi jogou o primeiro semestre do ano pelo clube, mas foi comprado em definitivo após período de empréstimo. Já Kadewere, foi o mesmo caso do Tousart que o OL vendeu. A transação aconteceu em janeiro, mas o jogador só se transferiu em junho. Vamos aos nomes:
  • Julian Pollersbeck (goleiro) - 26 anos - Hamburgo (250 mil euros + 300 mil de bônus por desempenho + 15% de quando for vendido)
  • Mattia De Sciglio (lateral direito) - 27 anos - Juventus (Empréstimo de uma temporada, sem opção de compra)
  • Cenk Özkaçar (zagueiro) - 19 anos - Altay SK (1.5 milhão de euro + 1.5 de bônus por desempenho + 10% de quando for vendido)
  • Djamel Benlamri (zagueiro) - 30 anos - Al Shabab (Fim de contrato - custo zero)
  • Abdoulaye N'Diaye (zagueiro) - 18 anos - Dakar Sacré-Cœur (Fruto da parceria com o clube senegalês)
  • Lucas Paquetá (meia) - 23 anos - Milan (20 milhões de euros + 15% de quando for vendido)
  • Karl Toko Ekambi (atacante) - 27 anos - Villarreal (4 milhões de euros pelo empréstimo + mais 11.5 milhões pela opção de compra + 15% do quando for vendido)
  • Habib Keïta (centroavante) - 18 anos - Guidars FC (1 milhão de euro + 1.5 milhão de bônus por desempenho + 30% de quando for vendido)
  • Tino Kadewere (centroavante) - 24 anos - Le Havre (12 milhões de euros + 2 milhões de bônus por desempenho + 15% de quando for vendido)
Além deles, subiram da base e estão treinando com o grupo principal:
  • Malcolm Barcola (goleiro) - 21 anos
  • Malo Gusto (lateral direito) - 17 anos
  • Sinaly Diomandé (zagueiro) - 19 anos (já vem jogando de forma recorrente)
  • Castello Lukeba (zagueiro) - 17 anos
  • Melvin Bard (lateral esquerdo) - 19 anos (fenômeno que já virou titular)
  • Florent da Silva (meia) - 17 anos
  • Modeste Duku (meia) - 19 anos
  • Mohamed El Arouch (meia) - 16 anos
  • Yaya Soumaré (atacante) - 20 anos

Basicamente, se a gente for separar o time do Lyon posição por posição, vai ficar mais fácil entender o quanto o elenco reduziu e as poucas peças que existem disponíveis para cada setor do campo. Isso é um retrato claro do que acontece com um time quando há um corte orçamentário por não se classficar para uma competição internacional.

GOLEIROS
Anthony Lopes, Julian Pollersbeck e Malcolm Barcola

LATERAIS DIREITO
Léo Dubois, Mattia De Sciglio e Malo Gusto

ZAGUEIROS
Jason Denayer, Marcelo, Sinaly Diomandé, Djamel Benlamri, Cenk Özkaçar e Castello Lukeba

LATERAIS ESQUERDOS
Melvin Bard e Maxwel Cornet (que vem jogando improvisado)

VOLANTES
Maxence Caqueret, Bruno Guimarães, Thiago Mendes e Jean Lucas

MEIAS
Houssem Aouar, Lucas Paquetá, Florent da Silva, Modeste Duku e Mohamed El Arouch

ATACANTES
Rayan Cherki, Memphis Depay, Yaya Soumaré e Maxwel Cornet (aqui sem jogar improvisado)

CENTROAVANTES
Tino Kadewere, Karl Toko Ekambi e Moussa Dembélé


Aouar, Toko Ekambi, Kadewere e Memphis Depay comemoram gol diante do Strasbourg (Foto: ol.fr)

Parece frágil, né? E é! Simples assim. Por sorte, o Lyon não conseguiu receber uma proposta a altura de Aouar, o Barcelona não teve dinheiro para bancar o Memphis Depay e nenhum valor chegou para Moussa Dembélé. Fica bem claro que o time será ofensivamente muito dependente dessas três peças ao longo da competição. É maluquice inclusive pensar na fragilidade que ficará o setor de criação do elenco, caso Aouar precise se ausentar por lesão, por exemplo. Paquetá seria o substituto imediato, mas ele acabou de chegar e precisa se afirmar. As demais opções são jogadores da base que sequer atuaram no profissional ainda.

A lateral esquerda, inclusive, nem precisa dizer. O clube deu sorte de Melvin Bard aparecer muito bem e herdar a posição com certa facilidade, mas depender de Cornet para ser o reserva imediato é correr muito riscos, que naturalmente irão aparecer ao longo da temporada.


E OS BRASILEIROS? SERÁ QUE DÁ SAMBA?

Como deu pra ver, o Lyon abriu mão de alguns brasileiros que estavam no time na temporada passada. Em contrapartida, conseguiu trazer Paquetá. Basicamente, na temporada passada haviam no time: Rafael, Marcelo, Marçal, Thiago Mendes, Jean Lucas, Bruno Guimarães e o Camilo, que ainda se mantém no Lyon B. Dessa turma, Rafael e Marçal não continuaram para essa temporada, mas o ex-flamenguista se juntou ao elenco.

Bruno Guimarães, Jean Lucas e Paquetá juntos em treino (Foto: ol.fr)

Juntam-se aos seis integrantes, além de Juninho na parte diretiva, também o Cláudio Caçapa que é um dos auxiliares técnicos do quadro fixo do time. Muita gente no Brasil ainda acham que o ex-zagueiro Cris está no Lyon, mas isso é um engano. Ele é treinador do GOAL FC (Grand Ouest Association Lyonnaise Football Club), antigo MDA Foot (Monts d'Or Azergues Foot) desde junho de 2019, quando deixou o comando do Lyon B. O GOAL FC é um time da região de Lyon, mas sem qualquer vínculo com o Olympique Lyonnais. Atualmente disputa da National 2, equivalente a 4ª divisão francesa.


FORMAÇÃO BASE DA TEMPORADA

Apesar do Lyon ter chegado bem na reta final da Liga dos Campeões com aquela formação de três defensores - e Rudi Garcia até ensaiou começar a temporada assim - mas é de muito tempo que a escola lionesa se dá bem essencialmente no 4-3-3, com variações para o 4-2-3-1, depenendo do movimento com ou sem a bola durante o jogo. Dessa forma, é possível entender que o time base do Lyon para a atual temporada será dessa forma como na imagem abaixo.



COMO FOI ATÉ AQUI?

O Lyon acabou de fazer seu oitavo jogo pela Ligue 1, diante do Mônaco. Mas, antes disso, o clube também fez amistosos preparatórios para o que vinha pela frente. Vamos relembrar como foi esse caminho até aqui, momento exato em que esse texto é publicado no blog?

Mas para a gente puxar inclusive os jogos de pré-temporada, vamos precisar pegar carona ainda no final da temporada anterior. O COVID-19 praticamente emendou uma temporada na outra e assim foi com o Lyon quase em sentido literal. Com o encerramento precoce da Ligue 1, o time precisava ganhar ritmo antes de encarar o PSG pela final da Copa da Liga e a Juventus, pelas oitavas de final. E esses jogos preparatórios serviram exatamente como pré-temporada. Foram, portanto:

Memphis Depay não marcou, mas foi caçado em campo na vitória contra o Royal Antwerp (Foto: ol.fr)

Como já é sabido, depois desses jogos, vieram as partidas da Liga dos Campeões, onde o OL chegou até a semifinal e sucumbiu diante do Bayern, que acabou levantando o caneco no final de tudo. Depois que passou esse momento, quase não houve pausa e os Gones já teriam que começar a Ligue 1. Estes foram os jogos até aqui.

EXPECTATIVA PARA A TEMPORADA

Com toda sinceridade, as expectativas do blog não são as melhores. O mercado com muitas vendas e poucas peças com talento para chegar e jogar acabou não convencendo. O único com poder de conseguir brigar por uma vaga no time titular, pelo menos a princípio, é Lucas Paquetá, até mesmo pela sua polivalência em poder contribuir desde uma função como segundo volante, passando pelo meia centralizado, bem como também atuar pelas pontas. Em algum momento, ele vai acabar achando sua posição e conseguir um espaço no time.

O que dá um respiro ao Lyon é saber que, ao menos até janeiro, o time terá as presenças de Dembélé, Aouar e Memphis Depay. Os três jogadores são hojes os pilares ofensivos do time e podem contribuir muito para fazer com que os resultados apareçam. Todos os três tem qualidades individuais que podem decidir um jogo a qualquer momento e a iminência de perdê-los nessa última janela colocou em cheque a possibilidade do OL conseguir trazer alguma peça de reposição a altura. Esse cenário pode (e deve) acontecer na janeira de inverno, mas até lá é outra história. O OL precisa focar nos jogos que tem pelo visor. E já vem logo um clássico contra o Saint-Étienne, por exemplo.

Aouar é hoje o cérebro do time do Lyon e assim será durante a temporada (Foto: ol.fr)

Agora, de tudo que mais me preocupa com relação ao continuar da temporada, definitivamente, o meu maior medo tem nome e sobrenome: Rudi Garcia. O treinador, a cada jogo, me parece cada vez menos capacitado e perdido para conseguir suprir as expectativas que foram depositadas em seu trabalho. E isso não vem de agora. Antes da temprada passada ser encerrada precocemente, ele já vinha rateando na tabela e perdendo pontos que não podiam ser perdidos. O desempenho na Champions League foi uma lufada de esperança de que as coisas poderiam ter se encaixado, mas ao que tudo indica, foi só um golpe de sorte misturado a uma boa estratégia para jogar contra times maiores e pegando carona num momento de ótima cofiança do elenco.

Não à toa, a torcida já pede sua cabeça. Ainda assim, não acho que agora seria o momento para se pensar nisso. O projeto da temporada e de reconstrução do elenco perpassa pelo trabalho dele. E demití-lo agora soaria como algo descompassado de um projeto que eventualmente possa parecer sem comando. Tomando decisões erradas, ou não, Rudi Garcia deve ficar até o fim da temporada, a não ser que realmente não consiga somar pontos numa sequência de jogos relativamente fáceis. Neste caso, não tem treinador que se mantenha em qualquer time do mundo.

O ponto chave de expectativa do Lyon para a temporada é um só: voltar a disputar uma competição internacional na temporada que vem. Para que isso ocorra, há dois caminhos. Ficar entre os cinco primeiros da Ligue 1 (três primeiros vão para a UCL e os outros dois para a UEL) ou então ganhar a Copa da França, que dá vaga na Liga Europa também. Lembrando que neste ano não haverá mais Copa da Liga Francesa. A competição foi extinguida após a edição anterior. O título do Francês todo mundo já sabe que deve mesmo ficar com o PSG mais uma vez, mas lutar pela parte de cima torna-se obrigação, mesmo com um time que talvez não seja nem de perto um dos melhores que o OL já teve num passado recente. E o fraco Rudi Garcia ainda vai ter que fazê-lo render acima do esperado. Como não ficar receoso, não é mesmo?

Tino Kadewere comemora e ora aos céus em homenagem ao irmão que faleceu recentemente por COVID-19 em Zimbábue (Foto: ol.fr)

Mas o blog, além de informar também torce. E essa paixão da torcida do Lyon vai ser um dos combustíveis para que isso aconteça e os planos deem certo. O Lyon, vai sim, conseguir uma boa classificação e voltar para o destaque que sempre mereceu. O tempo irá dizer. E a gente torce daqui. Mas também informa, e também critica se assim sentir necessidade. Allez L'OL!

FOTOS: ol.fr | Le Progrès | Yahoo/Getty Images | L'Equipe | Reprodução/Instagram
CAMPINHO: Lineup Builder

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